segunda-feira, 3 de junho de 2013

Resenha: Dan Brown e seus trunfos formulaicos. Anjos & Demônios, O Código Da Vinci e O Símbolo Perdido.


Hoje em dia é impossível você deixar de conhecer um livro por conta de vários fatos, que vão desde uma adaptação cinematográfica notável, vendas absurdas, ou até mesmo as controversas envolvidas nele. Um desses livros que irei abordar aqui nesta resenha teve até uma grande repercussão por conta de todos os fatores que mencionei antes, e por isso, levou o resto da obra do autor junto com a mesma ideia polêmica.

Vocês com certeza já ouviram falar de Dan Brown e seus livros. A repercussão que deu com o lançamento de O Código Da Vinci em livro e posteriormente seu filme. Lembro até de um padre no meio da missa mencionou algo sobre o filme quando estreou. Obviamente, metendo o pau no coitado.

Pois bem. Ganhei três livros do Dan Brown no início desse ano e fui lendo um atrás do outro. Quem costuma ler bastante e procurar a opinião dos outros em relação os livros do autor, vai sempre chegar a algum comentário similar a isso: "Incrível! Dan Brown sabe te segurar até a última página e te surpreender com reviravoltas mirabolantes e fantásticas!" ou até "Tudo igual! Todos os livros seguem a mesma linha de enredo, só mudando os personagens, as sociedades secretas, a motivação do protagonista...". Chegarei nesse ponto ainda. Mas antes, acho melhor partir para uma análise particular de cada livro.

Lembrando que como é uma resenha, eu posso ter soltado a mão um pouquinho e algumas revelações do enredo podem estar logo em seguida. Então se você não leu os livros melhor não prosseguir com a leitura do post. Ou arrisca mesmo. São todos iguais! ;)



  • Anjos e Demônios


Irei apresentar brevemente o início do livro somente para ilustrar.

Um cientista renomado é assassinado por um personagem misterioso que força a barra pra te fazer acreditar que é realmente misterioso falando em italiano (considerando que a maioria de vocês saibam no mínimo um português e inglês arranhado) o que deixa a cena mais misteriosa o possível. E você acredita que ele é realmente importante na história.

Esse prólogo acaba com o velho cientista rogando por Deus e sendo brutalmente assassinado pelo homem misterioso e aí somos apresentados ao simpático protagonista dessa série de livros do Brown. Robert Langdon. Um simbologista e professor da Universidade de Harvard. Um cara simples, elegante, inteligente, esportista. Adorador da arte e purista. Que também sofre de suas crises existenciais.

Langdon se envolve na trama do livro quando o diretor do CERN o chama para verificar uma marca deixada no corpo do cientista assassinado. Ele que já havia sido colocado em situações absurdas por conta de sua carreira renomada como simbologista, rejeita o chamado do homem, que obviamente não se abala e insiste novamente, enviando um fax com a cena do crime. Ao perceber a marca já conhecida, o professor fica abalado. Sendo assim, se sente na obrigação de chegar ao local e descobrir o segredo, já que a marca remete à uma fraternidade que, como acadêmico, já havia conseguido provas que a confraria havia sido extinta há anos.

Assim o livro vai se desenvolvendo. O protagonista vai entrando cada vez mais na trama, mesmo com seu ceticismo acadêmico impedindo de conceber aquele fato que acabaram de descobrir.

Sempre escutei argumentos expressando o descontentamento das pessoas para com os livros do Dan Brown. E de fato, não é uma opinião mal fundada. Até ter começado a ler O Código Da Vinci eu não tinha percebido a safadeza do autor. Até porque, obviamente, não havia parâmetro pra perceber tal formulinha.

Acabei gostando bastante até do livro. A linguagem é simples e a narrativa é rápida. E durante a trama a simpatia e inteligência do Robert Langdon te cativa, com informações e curiosidades históricas uma hora ou outra. Uma coisa que me deixa incomodado é essa inserção de uma personagem feminina ligada ao personagem assassinado no início do livro sempre. 80% do livro a mulher mais parece um saco nas costas do Langdon, só servindo pra deixar o homem motivado a continuar na confusão toda que se meteu. O que convenhamos, é uma desculpinha bem safada. De todos os livros do Robert Langdon que li até agora, essa coadjuvante foi a mais inútil na trama. Metida num assunto que não entende e que o Langdon tem que levar pra todo lugar até ela se ferrar.

  • O Código Da Vinci.

No mesmo dia que terminei Anjos e Demônios, comecei O Código Da Vinci. Logo, que, de início não senti o mesmo prazer que senti lendo o livro anterior. Não vou enrolar dessa vez comentando o início do livro, até porque, né? Né? Mas só pra deixar claro, acontece novamente um assassinato de um personagem chave na história. Robert Langdon, coitado, se envolve de novo na parada.

É perceptível o nível de detalhes e ganchos que esse livro tem em relação ao anterior. A narrativa continua simples, porém há dessa vez elementos para enriquecer melhor a trama, como por exemplo, finalmente uma mulher que acompanha o protagonista e não serve de saco nas costas. Sophie Neveu é o tipo de mulher que faltou em Anjos e Demônios! Uma que ajuda realmente o Robert e simplesmente não se ferra em prol da continuação do enredo.

Se você é religioso mente fechada acho melhor deixar esse livro na livraria mesmo antes de se aborrecer. As revelações que giram em torno das descobertas às vezes são chocantes. Mesmo pra mim, que não me considero religioso, foi perturbador saber algumas informações que são dadas em certa parte do livro, simplesmente por ter crescido acreditando.

A fórmula do autor ficou evidente agora, com o parâmetro adquirido de Anjos e Demônios. Um arquivo .docx já prontinho com as lacunas vazias, prestes a serem completadas com eventos/personagens chaves. Não que isso vá fazer você achar o livro um lixo. Mas incomoda ler um livro que segue a mesma linha, com algumas mudanças sutis, e que no final, você se sente lesado em seus dois sentidos: 1) Você gastou dinheiro no livro (eu ganhei, aliás. Mas isso serve pra você que comprou); 2) Terminar o livro com cara de idiota.

Assim mesmo.
Depois de tanto falar mal do livro, preciso colocar um contrapeso nessa resenha.

O livro tem um plot twist que achei muito legal (vou me arrepender de ter dito isso algum dia). Lembro de no momento que finalmente o vilão é apresentado e fiquei abismado com a revelação. Como pode?! Um vilão com motivações de verdade. Que armou uma situação complicadíssima, usou e enganou até os próprios cúmplices. 

As informações e curiosidades históricas estão presentes novamente. E se você como eu gosta disso, ler os livros do Robert Langdon valem a pena.

É um livro bem mais denso que seu antecessor, e com muito mais ação. Muito embora esteja dentro do padrão que já conhecemos, não deixou de ser um livro interessante, divertido, e digo até mesmo emocionante.

  • O Símbolo Perdido.

E chego enfim ao livro que pra mim, era o mais enigmático. Por mais misteriosa que a nação americana fosse por seu histórico envolvido com maçons, eu sempre tive um certo desinteresse por esse assunto. A Europa permaneceu comigo sempre como o centro histórico da humanidade. E com isso, cometi um erro absurdo ignorando a América. Seu histórico intuito, complicado, e até mesmo utópico. O plot do livro remete a pontos interessantes de Anjos e Demônios. Sutis e bem intrincados, como a escolha de alguns aspectos americanos/ingleses para fugir de ameaças, trabalhar secretamente e sem qualquer empecilho por parte de não concordantes de suas doutrinas.

O enredo dessa vez apresenta algo de novo na série do personagem Robert Langdon. A motivação do protagonista não parte de um assassinato, e sim de um sequestro. O que deixa dessa vez um senso de urgência mais intensificado. Langdon agora tem logo de cara uma responsabilidade para com um conhecido querido, empurrando-o para mais uma aventura de mistério e conspirações, que dessa vez conta com um fator emocional por parte dos personagens, não só do protagonista, e sim de outras pessoas relacionadas com o homem sequestrado.

Novamente nos vemos jogados num numa trama com elementos científicos mas que, dessa vez, a ciência tem um papel notório de fato no enredo do livro.

O Símbolo Perdido foi para mim um grande tesouro. Onde encontrei nele algo que sempre me motivou a pensar que de fato, por trás das cortinas de uma realidade tão fria, existe uma força atuante. A noética, estudo que envolve a interação do poder da mente no mundo físico foi algo incrível de ler. Uma realização.
 
Muito embora um dos assuntos abordados no livro me deixasse tão idiota a ponto de dar uma nota alta para o livro no Skoob. Não foi suficiente para mascarar aquela linha de enredo já conhecida dos livros do autor. Que dessa vez ficou mais incomoda ainda por repetir a mesma correria contra policias do livro anterior. Com a mesma finalidade insignificante, só pra encher linguiça.

Plot twist previsível! Enquanto O Código Da Vinci me deu um chute na cara, O Símbolo Perdido me pareceu mais uma tentativa falha de agressão. Uma situação montada para fazer o leitor se sentir chocado, mas que infelizmente falha feio. O tempo de companheirismo de Langdon dessa vez foi reduzido, marcando o encontro da moça que o ajuda na trama lá pelo meio do livro, deixando assim um balanceamento de inutilidade e atividade útil dessa vez. Lembrando que ela não é a única pessoa que acompanha Langdon no livro, mas é a mais importante por estar diretamente e intensamente ligada ao personagem chave que faz a conspiração andar.

Dan Brown sabe exatamente como escrever livros interessantes e deixar os leitores mais concentrados divididos em opiniões positivas e negativas por conta de sua fórmula para escrever romances. O que pode incomodar pessoas que prezam mais por um enredo sem sacanagens com o leitor.

Eu por exemplo comecei a ler já esperando o que sempre ouvi dizer "os livros do Dan Brown são a mesma coisa", "leu um leu todos". E mesmo assim me senti absorto pela quantidade de fatos interessantes envolvidos nos cenários e na História. Foi um prato cheio pra mim que sempre me interessei muito pela antiguidade, e minha raiva pelo formalismo do autor, que considerei uma putaria, foi parcialmente coberta pela satisfação de ter conhecimento dos pontos interessantes apresentados pelo autor.

Recomendaria pelo menos um livro do Dan Brown se você não quiser arriscar se aborrecer. E se gostar, e ainda assim quiser arriscar, leia outro, mas esteja ciente de encontrar elementos repetidos, que são feitos para agradar o mercado que sempre foi muito fiel a esse tipo de literatura. Afinal, quem não gosta de uma polêmica e conspiração?



Sim e não.
O blog voltou.
Não terá tantos posts como antes. Iremos seguir com posts mais periódicos, pra não deixar o blog tão difícil de manter por um tempo e evitar pausas.

Até a próxima!

-Pedro Barros.

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